{Precisamos Falar Sobre} Endometriose e Tratamento Alternativo

Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?

Hoje vim falar sobre uma doença ainda pouco conhecida mas que acomete cada dia mais mulheres: a endometriose. Eu sou uma dessas mulheres e, no início do ano, resolvi optar por um tratamento mais natural e menos invasivo. Já se passaram três meses desde que deixei de vez o tratamento tradicional, vamos por assim dizer, e resolvi vir dividir com vocês como está sendo a experiência do tratamento alternativo. Embora eu ainda esteja bem no comecinho dessa experiência resolvi falar sobre isso agora porque estamos em março, mês da conscientização da endometriose. 

Mas vamos começar do começo! Deixa eu explicar mais ou menos para vocês o que é a endometriose. Essa doença autoimune de nome um tanto quanto complicado é caracterizada pela presença do endométrio, aquele tecido que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina. 

Assim como todos nós já estudamos um dia na aula de biologia, todos os meses, o endométrio fica um pouco mais espesso que o normal para que assim um possível óvulo fecundado se implante nele. Quando isso não ocorre, esse endométrio descama e é expelido. Nossa querida menstruação. O que ocorre nos casos da endometriose é que um pouco desse sangue migra no sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, causando a lesão endometriótica.

A doença pode aparecer desde a primeira até a última menstruação da mulher, não existe nenhuma faixa de idade livre dela. Ainda não se sabe ao certo o que causa a endometriose, mas o risco de desenvolvê-la é ainda maior em casos de a mãe ter a doença.

Faça uma pesquisa rápida no google sobre os sintomas da endometriose e você encontrará: dor e infertilidade. Realmente posso dizer com toda a propriedade do mundo que a dor é enorme e insuportável. As cólicas menstruais são para lá de intensas. Não desmerecendo as dores das demais, porém as dores de quem tem endometriose são infinitamente piores que as dores das mulheres não diagnosticadas com a doença.

Muitas vezes na vida, quando descrevi para algumas colegas as dores que sentia durante a menstruação, a reação que recebia era de susto total, pois nem todas estão acostumadas com a realidade de sentir dores em locais como: região abdominal, pélvica, lombar, costas, cabeça, nuca, pernas. Enfim! Todo corpo dói, dentro e fora. Todo nosso organismo sofre. Alterações intestinais e/ou urinárias aparecem, o simples fato de ir ao banheiro se torna um belo desafio. Sem contar o fluxo menstrual gigante que sempre vai vazar. 

Felizmente nem todas as endoguerreiras (mulheres diagnosticadas com endometriose) sentem todos esses sintomas, fato que não diminui o grau de dor e impotência que as mesmas sentem. E por falar em impotência, há pouco tempo a ideia legislativa de a endometriose ser considerada uma doença incapacitante pelo INSS alcançou o número de votos necessários e será encaminhada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado. (Leia mais aqui) Para nós endoguerreiras isso já é um grande passo, porém ainda tem muito a ser feito a respeito dessa doença.

Agora que já falei um pouquinho sobre a endometriose vamos a parte que realmente nos interessa aqui: minha experiência com o tratamento alternativo. Desde a minha primeira menstruação sempre tive dores fortes e o fluxo intenso. Quando passei a fazer os primeiros exames para descobrir o motivo desse quadro, até então aparentemente anormal, foram descobertos possíveis cistos nos meus ovários. A grande questão era que todas as vezes que o exame era feito uma hora o suposto cisto estava ali, outra hora já não estava mais e assim por diante.

Depois de um breve período de exames incertos fui a uma ginecologista que, após mais exames, me diagnosticou com a endometriose. Desde então me foi indicado um  tratamento que consistia em tomar anticoncepcional contínuo, assim eu não iria menstruar e não correria o risco do sangue coagulado ficar "entupido" nas trompas (sim, os supostos cistos era sangue coagulado). Na época eu tinha 18 anos, não me preocupava tanto com a infertilidade e o tratamento me parecia uma boa contanto que as dores parassem.

A maioria dos ginecologistas, se não todos, irão sempre indicar esse mesmo tratamento que me foi indicado. O motivo disso é um conjunto de a doença ainda não ser bem conhecida com o ciclo vicioso e dependente entre a indústria farmacêutica e os profissionais da saúde. Mas isso é assunto para uma outra postagem.

O fato é que após cinco anos fazendo uso de anticoncepcional continuo eu já não suportava mais os efeitos colaterais diversos que a medicação estava causando. Outro fator que me convenceu a parar com o uso do medicamento foi o de que: simplesmente induzir o meu corpo a uma menopausa e não menstruar não iria tratar a endometriose e sim evitar possíveis problemas como os comentados acima, mas até quando eu iria suportar isso?

Foi então que comecei a pesquisar sobre tratamentos alternativos para endometriose e, depois de muito ler, reler e ter mil dúvidas, conheci o grupo Endometriose Sem Censura, grupo esse onde diversas endoguerreiras se ajudam, trocam experiências, dúvidas e, principalmente, prezam o tratamento natural para a endometriose.

Neste grupo fui entender melhor o uso de alguns chás e fitoterápicos que já havia pesquisado como: Chá de Unha de Gato e Uxi Amarelo, Revesterol e Pinus Pinaster. Lá também passei a entender melhor o quanto a alimentação e o exercício físico ajudam a combater alguns dos sintomas da endometriose. Pode parecer bobagem, mas alguns alimentos que nem se quer imaginamos pode sim colaborar muito com a dor intensa que sentimos.

Ainda estou no meu terceiro mês de tratamento alternativo, mas já senti uma melhora enorme. O fluxo da minha menstruação diminuiu bastante, as dores também, inclusive no meu último ciclo não senti nem 2% de dor. Foi uma surpresa muito positiva!

É claro que esse tipo de tratamento não é um milagre, nem vai curar sua endometriose, mas vai tornar possível o fato de você conviver com ela. Também vale a pena ressaltar que cada corpo é um corpo e funciona de um jeito diferente. Vejo diversas mulheres no grupo com resultados tão positivos quanto o meu, mas algumas precisam fazer algumas alterações aqui ou ali para se adaptarem.

A probabilidade de encontrar um ginecologista que te recomende esse tratamento é quase nula pelos motivos já citados acima, a não ser que você encontre um ginecologista fitoterápico, mas ainda assim é recomendado que você continue fazendo acompanhamento com um para saber a quantas anda sua endometriose.

Recentemente a atriz e roteirista da série "Girls", Lena Dunham, de 31 anos de idade, passou por uma cirurgia onde seu útero foi retirado. Muitas pessoas se chocaram e a endometriose acabou sendo notícia internacional, porém muitas mulheres já passaram pela mesma coisa, seja por falta de informação ou de oportunidade. Acredito que nem em casos de escolha seja realmente uma escolha, pois como disse a própria Lena: "Com uma dor como esta, nunca poderei ser a mãe de ninguém. Mesmo se eu pudesse ficar grávida, não há nada que eu possa oferecer".

O mais importante de tudo é pesquisar bastante sobre o assunto antes de tomar qualquer decisão. Por mais que nós, endoguerreiras, venhamos a passar por momentos difíceis e de dores insuportáveis é imprescindível tentar, tentar e tentar de novo tomar as rédeas do nosso corpo da melhor forma possível e viver confortavelmente com ele.