Editora: Record
Ano: 2017
Páginas: 364
ISBN: 9788501109941
Sinopse: Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás.
Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos…
Com a mesma escrita frenética e a mesma noção precisa dos instintos humanos que cativaram milhões de leitores ao redor do mundo em seu explosivo livro de estreia, "A Garota no Trem", Paula Hawkins nos presenteia com uma leitura vigorosa e que supera quaisquer expectativas, partindo das histórias que contamos sobre nosso passado e do poder que elas têm de destruir a vida que levamos no presente.
O livro "Em Águas Sombrias" é um thriller da autora Paula Hawkins, mesma autora do maravilhoso best-seller "A Garota no Trem", o que já nos faz iniciar a leitura do livro com todas as expectativas possíveis. Para esse livro decidi não seguir o modelo de resenha que estou acostumada fazer por aqui e sim abordar certos aspectos do livro, os pós e os contras, tentando assim ilustrar o sentido total dele.
A história de "Em Águas Sombrias" se passa em uma pequena cidade do interior da Inglaterra, chamada Beckford. Como em toda cidade pequena todos os moradores se conhecem, o que em certos momentos é uma coisa boa, e em outros nem tanto.
A cidade em questão é cortada por um rio que acaba por ser um dos elementos mais importantes do livro e também o motivo que liga todos os personagens. O rio tem ainda uma fama um tanto quanto histórica de ser usado para mulheres encrenqueiras se suicidarem. Há também um lado místico que narra os afogamentos de mulheres consideradas bruxas. Durante anos diversas mulheres foram encontradas afogadas naquele rio e tais ocorrências eram tão frequentes na história daquela pequena cidade que certo ponto do rio passou a ser chamado de poço dos afogamentos.
"Há quem diga que essas mulheres deixaram algo de si na água, outros, que a água retém parte do poder de cada uma, pois desde então tem atraído para suas margens as desventuradas, as desesperadas, as infelizes, as perdidas. Elas vêm aqui para nadar com suas irmãs."
O início do livro é um tanto quanto confuso, daqueles que a gente apenas lê até a história começar a fazer sentido, pois a narrativa do livro, assim como em "A Garota no Trem", é sob a perspectiva de diversos personagens, às vezes em primeira pessoa, outras em terceira, e o livro intercala dessa forma até o fim. Eu particularmente adoro esse modo de narrativa, porém se torna um pouco confuso nesse livro pois nele temos nada mais, nada menos que
A história do livro se inicia então quando a personagem Jules recebe a notícia de que o corpo de sua irmã, Nel, foi encontrado no rio. Jules e Nel não se falavam há anos e, mesmo as ligações desesperadas feitas por Nel alguns dias antes de sua morte, foram ignoradas por Jules. Porém, apesar do distanciamento das duas, Jules tinha certeza de que Nel não havia se jogado no rio.
Algo curioso era o fato de que Nel era uma mulher fissurada desde pequena nas histórias do rio e, no momento, escrevia um livro sobre todas as mulheres que morreram no rio, fato que acabava por incomodar alguns moradores do local. Nel escrevia inclusive sobre a morte de Katie, melhor amiga de sua filha Lena. Katie era uma menina de quinze anos, super inteligente, bonita e popular, que se jogou no rio algumas semanas antes da morte de Nel.
"Os moradores da cidade não gostavam da sua atitude, de uma forasteira se achar no direito de vir para a terra deles e contar sua história. Quem ela achava que era?"
Todo o livro gira em torno dessas mortes recentes e diversas perguntas e teorias são apresentadas com o decorrer da leitura. Havia algum ligação entre a morte de Katie e Jules? Por que Katie havia se suicidado? Jules havia mesmo se jogado no rio? Seu encanto com as histórias das mulheres ali afogadas tinha ido longe demais?
Em contrapartida havia também o confronto de Jules com seus medos, pois, após a morte de sua irmã ela se vê obrigada a retornar a Beckford, cidade na qual ela pretendia nunca mais voltar, para cuidar de sua sobrinha. De volta a cidade Jules enfrenta diversos medos. Medo do rio, do passado e das pessoas.
Um dos fatos que muito me chamou atenção e me agradou nesse livro é o quanto os personagens são humanos e reais, todos tem medos e defeitos, seu lado bom e seu lado ruim. Não existe antagonismo, nenhum deles é mocinho e o outro vilão. Nenhum foi criado pela autora para ser gostado. Todos são humanos cometendo erros humanos e, por mais que judicialmente exista o culpado e a vítima, todos tem sua parcela de culpa. Algo que deixou isso bem claro foi o fato de cada capítulo do livro ser narrado em um ponto de vista diferente e, confesso: não há um personagem que se salve. Não consegui gostar de um que seja e achei isso uma jogada não só arriscada como genial da autora Paula Hawkins.
Algo que me decepcionou um pouco no livro foi o fato do lado místico, que parecia ser tão importante durante todo o livro, cair por água. No final das contas parecia ser apenas um elemento para nos distrair e nos distanciar da verdade. Pareceu, talvez, um pouco de desperdício da autora não aproveitar algo que foi bem trabalhado na narrativa.
"Eu me debati, mas alguma coisa esmagou a minhas costelas; senti a mão dela nos meus cabelos, súbita e bruscamente, e ela me puxou para o fundo. Só as bruxas boiam."
E se vocês pensam que acabou por aí, estão bem enganados. Pois a Paula Hawkins aborda sobre vários assuntos e muito mais neste livro. Outras questões que achei super pertinentes de terem sidos abordadas, mas que em contrapartida podem ser um gatilho para outras pessoas, são: pedofilia e estupro. Apesar desse contra, a existência de gatilhos não sinalizados com antecedência, achei super importante a abordagem desses temas no livro e a forma como eles foram colocados.
Para fechar com chave de ouro, a questão que mais me agradou neste livro é como ele mostra a forma como as mulheres são julgadas na sociedade, tanto pelos homens, quanto por outras mulheres e o quanto isso afeta a vida delas e a vida das pessoas com as quais elas convivem.
Algo que achei preocupante foi o fato de que, ao ler algumas opiniões sobre o livro na internet, observar que foi pouquíssimo falado sobre algo que foi gritante para mim no livro: o feminicídio, pois com todo esse teor da narrativa, claramente chegamos a ele.
Tema que também achei muito interessante de ter sido abordado, pois faz parte de uma gama de assuntos dos quais precisamos falar sobre. Infelizmente mais uma vez a autora peca em não sinalizar esse gatilho anteriormente, porém explora esse assunto de forma magnífica e moderada, deixando ainda aquela cutucada na sociedade de o quanto nós fechamos os olhos para essa condição das mulheres e a fantasiamos.
"Beckford é um local para se livrar de mulheres encrenqueiras."
Para resumo de ópera, o livro "Em Águas Sombrias" é um livro completamente envolvente e confesso que não consegui parar de ler até chegar ao final que é simplesmente humano e real.
Adorei sua resenha, fiquei curiosa para ler o livro.
ResponderExcluirSuper recomendo o livro. É maravilhoso!
ExcluirBeijos
Esse livro e lindo, amei a resenha, perfeita!
ResponderExcluirÉ um livro maravilhoso mesmo!
ExcluirBeijos