{Resenha} Morte Entre Poetas - Ángela Vallvey


Autor(a): Ángela Valley
Editora: Primavera Editorial
Ano: 2011
Páginas: 316
ISBN: 9788561977276
Onde comprar: Saraiva Submarino Amazon
Livro cedido pela Primavera Editorial para resenha
Sinopse: O que deveria ser apenas um encontro entre prestigiosos membros da literatura nacional, converte-se em algo perturbador, ao ser assassinado com uma punhalada no coração um dos poetas participantes. Nacho Arán, poeta e meteorologista, chega ao local pouco depois de perpetrado o crime. Livre de suspeitas, Nacho dedica-se a investigar os outros participantes. Logo descobrirá que quase todos eles têm algo contra o morto e perceberá que o requinte intelectual e a suposta sofisticação da cultura não servem como vacina contra o mal e as paixões violentas, contra o ódio e o desejo de vingança...Ágil e sutil, mas profunda, brilhante e divertida, "Morte Entre Poetas" é um autêntico sucesso de narrativa, que deslumbrará os leitores. Uma história deliciosa que presta uma homenagem aos antigos romances de Agatha Christie e às guerras literárias de Pío Baroja.

"Morte Entre Poetas" é um livro, sem sombra de dúvidas, surpreendente. Para as pessoas que, assim como eu, gostam de livros de detetive recheados de suspense e mistério, o livro da autora Ágela Vallvey é um prato cheio.

O livro tem uma narrativa interessante. Em terceira pessoa é narrada brevemente a história dos personagens suspeitos do assassinato ocorrido, porém a narrativa é centrada no personagem Nacho Arán. 
Confesso que no começo do livro fique bem confusa com a narrativa mas logo depois, com o andar da carruagem, tudo foi sendo esclarecido.

Nacho Arán é um homem já lá para mais de seus trinta anos que mora com sua tia Pau. Nacho é meteorologista e também poeta iniciante nas horas vagas, autor de um único livro. 
Entre umas das coisas que Nacho mais gosta de fazer é viajar durante as férias mas, por falta de dinheiro em uma ocasião, ele precisou se contentar em passar as férias em casa. Foi aí que sua tia Pau e ele tiveram a ideia de criar o site O Clube Baskerville (entendedores de Sherlock entenderão a referência) só para passar o tempo. 
Acontece que o site logo fez grande sucesso e com a ajuda de vários internautas e de sua tia, Nacho começou a resolver crimes que a policia não conseguia.

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Foi então que, por coincidência ou não, no dia em que Nacho está se preparando para o congresso em memória do poeta Alberto Pons que ele havia sido convidado, assim como mais outros quatorze poetas de sucesso, que ele recebe a notícia que um dos poetas havia sido assassinado no local onde seria o encontro.
Como Nacho chega ao local após o ocorrido ele está livre de toda e qualquer suspeita e, claro, não deixaria de usar seus tatos de detetive por lá.

"Estamos falando de poetas e do cadáver de um poeta que poderia ter sido assassinado por outro poeta [...] Entendes? Morte entre poetas!"

Uma das coisas que mais gosto no livro é a linguagem poética contida nele. Em toda a narrativa, principalmente nos diálogos, o texto transborda poesia, na maneira de falar sobre os sentimentos, sobre a natureza e tudo o mais.

Logo que Arán chega a Cigarral, local onde estava ocorrendo o encontro dos poetas, ele trata de pesquisar sobre a vida de todos ali presentes, o que ele não sabia é que não precisava se dar a todo esse trabalho já que os próprios poetas suspeitos, um por um, o procuravam para contar suas histórias vividas com Fábio Arjona, o poeta que havia sido assassinado.

Não levou muito tempo para Nacho perceber que todos aqueles poetas que o rodeavam e que, diga-se de passagem, ele admirava e sentia-se honrado de ter sido convidado para o mesmo encontro que eles, não eram exatamente tão puros e polidos como ele acreditava, não eram toda aquela perfeição que seus poemas pintavam e todos, sem tirar nem por, tinham um motivo pessoal para odiar Fábio.

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"De onde vinha essa necessidade que quase todos deixavam transparecer no Cigarral de expressar-lhe seus motivos para odiar Fábio? Estariam se justificando? Estariam se acusando inconscientemente, porque tinham má consciência? E, se tinham má consciência, qual era a causa?"

Assim é revelada, não só para Nacho, como para nós leitores todas as falcatruas de Fábio. O poeta era aquele tipo que conseguia a fama e a fortuna a custa dos outros, cobrando favores para conseguir cargos importantes, usando seus alunos para escreverem seus artigos por ele. Já havia humilhado muitos, e praticamente todos os poetas que se encontravam em Cigarral, atrapalhando a vida de muitos.
Fábio nem mesmo escrevia seus poemas. Pegava trechos de um, trechos de outro, modificava algumas palavras, acrescentava algumas preposições e lá estava seu poema ganhando vários prêmios, não porque as pessoas não percebiam que seus poemas eram puras cópias, mas porque deviam favores a ele.

A parte mais divertida dessa história, assim como outras histórias estilo Sherlock Holmes, é que nós vamos tentando desvendar o crime ao decorrer da leitura e, acreditem, nunca foi tão confuso e fácil desconfiar de todos.

Enquanto as histórias dos poetas nos vão sendo contadas é que conseguimos (ou pelo menos só assim eu consegui) entender o começo do livro que havia me deixado confusa, é então que fico com uma pulga atrás da orelha que logo uma reviravolta trata de transformar em duas pulgas atrás da orelha quando acontece outra morte no Cigarral.

"[...] creio que deveriam mudar o nome deste local. Em vez de chamar-se Cigarral de la Cava deveriam denominá-lo A Cripta Dos Poetas. Que lhes parece? E, a propósito, quem acham que vai ser o próximo de nós a cair?"

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Não posso deixar também de falar sobre a capa do livro, ilustrada de forma simples, mas que nos causa interesse, com elementos importantes que são citados durante a narrativa. 

É de uma forma para lá de surpreendente que a história se desenrola e o verdadeiro culpado do crime é revelado junto a seus motivos. 
Gosto do final do livro pois não é daqueles finais que resolvido o crime a história acaba, o caso é encerrado e as perguntas que não foram respondidas ficam por isso mesmo.
Nacho com todas as suas perguntas e desconfianças (as mesmas que somos induzidos a ter) vai atrás de suas respostas até cada virgula do caso ser esclarecida nos deixando mais boquiabertos com a revelação final do que com todas as revelações feitas no decorrer da história.
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