Resenha: A Mais Bela Noiva De Vila Rica de Josué Montello

   Como estou cursando o segundo período de Letras, minha professora de literatura propôs à turma a leitura do livro A Mais Bela Noiva de Vila Rica do escritor do Neoclassicismo Brasileiro, Josué Montello.
    Nunca fui muito fã de ler livros só pela obrigação de ler em vez de ler por prazer. Mas esses são os ossos do ofício agora (e admito que estou aprendendo a gostar do que me é "imposto" ou melhor, apresentado).
 
   Apesar disso, não tenho o que reclamar porque realmente gostei muito do livro, tanto que, aqui vou eu escrever essa resenha.

Editora: Nova Fronteira
Ano: 2001

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   O que mais me fez gostar do livro (acho) é a questão dele ser inspirado em uma história que realmente aconteceu e ela é bonita o suficiente para deixar o leitor no mínimo feliz por uma história assim ter acontecido de verdade.
 
   O contexto histórico também me agradou. Já atualizando vocês, a história se passa no século XVIII, em Vila Rica, quando aconteceu a Inconfidência Mineira.

   Como já dito antes, a história se passa em Vila Rica, Minas Gerais, uma cidadezinha bem calma e alegre.

   E é nessa calmaria que a velha Genoveva, fofoqueira da cidade, sobe e desce, todos os dias, as ruas e ladeiras em busca de novidades para levar, principalmente, a sua afilhada.
 
   A afilhada de Genoveva chama-se Maria Dorotéia, filha do capitão Baltazar Mayrink que, tendo perdido a esposa, voltou a se casar e se mudou para uma fazenda distante enquanto Maria Dorotéia continuou a viver na Casa Grande, antiga residência da família, junto com irmãos, tios e criados. 


   Dorotéia também tem como companhia duas amigas inseparáveis, que são na verdade, quase como irmãs. Maria do Rosário, romântica e namoradeira e Marília Emilia, a amiga que já está ficando para titia. Além, claro, da velha e querida madrinha Genoveva, que não leva um dia se quer sem aparecer na Casa Grande para levar as novidades da cidade para sua afilhada.
 
   Como perdeu o marido cedo e nunca teve a filha que sempre almejou, Genoveva vê em Dorotéia essa filha sonhada. 
 
   Genoveva zela para que a afilhada tenha um futuro brilhante e reza incessantemente para que ela tenha um bom marido, digno de toda a sua beleza e finura. Sonha com o dia em que verá Maria Dorotéia entrando na igreja, sendo a mais bela noiva que Vila Rica já viu.
 
   E subindo e descendo as ladeiras de Vila Rica, por intermédio do intelectual  Dr. Cláudio Manoel, dona Genoveva chega ao conhecimento de que em breve Vila Rica terá um novo Ouvidor, o português Tomás Antônio Gonzaga.
 
   A senhorinha logo se anima e procura por mais informações do novo Ouvidor, já a imaginar que poderá ele ser um ótimo pretendente para Dorotéia.
 
   Ao passar dos dias Genoveva consegue algumas de suas informações, as quais ela não perde tempo em repassar para a afilhada.
 
   Sabe-se pouco de Gonzaga, no entanto, todos já sabem que ele é um poeta um tanto excêntrico.
 
  Após muita espera da parte de dona Genoveva, Maria do Rosário, Marília Emilia e da, não tão entusiasmada espera de Maria Dorotéia, Antônio Gonzaga chega a Vila Rica em uma noite de forte chuva.
 
   Gonzaga toma seu posto de Ouvidor de Vila Rica e, por intermédio de Dr. Cláudio, é apresentado a cidade e as suas belezas naturais, sem muita demora Antônio Gonzaga já é uma pessoa estimada na roda de amigos e intelectuais.
 
   Apesar de seus cabelos cumpridos e forma extravagante e diferente de se vestir, Gonzaga era uma boa pessoa, ótimo poeta e trabalhava em seu cargo com total competência e sabedoria, assim, deixando toda a cidade satisfeita.
 
   Enquanto isso a Casa Grande estava em total euforia entre reformas, pinturas e arrumações para a recepção de Gonzaga e toda a arrumação, para o orgulho de Genoveva, era coordenado e organizado por Maria Dorotéia,
 
   Após pequenos encontros entre Dorotéia e Gonzaga na saída da igreja, ela ainda não havia se impressionado com o novo Ouvidor, até o momento em que ele ganhou sua admiração, não como mulher, mas como uma leitora, ao presenteá-la com um de seus poemas.
   No livro há um pequeno trecho do poema, porém vocês podem ler o poema completo aqui.   
   Os versos escritos por Gonzaga contém os pseudônimos Marília e Dirceu, ou como bem ficou conhecido, Marília de Dirceu.
 
   Lendo e relendo aqueles versos Dorotéia, emocionada, percebe que ela é Marília e Dirceu é o próprio Gonzaga.
 
   A partir daí ela começa a vê-lo com outros olhos e ele, já apaixonado pela jovem mais bela de Vila Rica, a pede em casamento.
 
   O casal precisou se apressar para arrumar todas as questões do casamento, pois Gonzaga precisaria ir o mais breve possível para a Bahia, onde ocuparia o cargo de desembargador.
 
   Enquanto isso, o grande número de poetas e intelectuais que habitavam em Vila Rica, realizavam reuniões para discutir sobre a execução da derrama (imposto cobrado pelo ouro extraído) e o domínio de Portugal.
 
   A cidade pacata e feliz, com seus lampões acessos, músicas tocando ao fim da tarde e amigos conversando pela rua mudou completamente. As pessoas passaram a viver com medo, fechadas dentro de casa esperando o momento em que a revolta fosse explodir.
 
   Por duas noites Gonzaga foi visitado em sua residência por um estranho que o aconselhava a queimar todos os papéis que pudesse o incriminar. 
 
   Gonzaga nada entendeu já que não possuía vinculo com a tal revolta.
 
   Algum tempo depois Gonzaga recebe uma nova visita noturna, o próprio vai atender o visitante inesperado e é surpreendido com um pedido de prisão.
 
   Sem entender o que estava acontecendo, tentou em vão explicar que ele era o Ouvidor de Vila Rica e que aquilo era um engano, mas de nada serviu todo seu esforço.

   Após longa viagem Gonzaga ficou preso no Rio de Janeiro, na Ordem Terceira da Penitenciaria, junto a outros integrantes da Inconfidência, aguardando, no mesmo desconforto, a apreciação de seus processos, ainda sem saber ao certo a que seriam condenados.
 
   Apesar da prisão o que mais lhe doía era estar longe de Maria Dorotéia, sua Marília, que desesperada não podia fazer nada a não ser ler as cartas e poemas que Gonzaga lhe mandava da prisão, esperançosa de que ele ainda voltaria e que ela estaria lá o esperando para finalmente se casarem.
   
   Infelizmente o fim não foi como o esperado, pois entre os participantes da Inconfidência Mineira Dr. Cláudio Manuel foi morto (historicamente há uma discussão se a morte de Cláudio foi assassinato ou suicido), Tiradentes foi executado e esquartejado e Gonzaga foi condenado ao degredo em Moçanbique, na África.
 
   Tudo se resolveria se Dorotéia a Gonzaga se casassem e lá vivessem juntos, mas a lei não permitiu que Gonzaga fosse acompanhado de nenhum parente, filho ou esposa.

   Dorotéia nunca se casou, permaneceu morando na Casa Grande em Vila Rica, devolveu todos os poemas que Gonzaga lhe dera para dar um fim ao noivado quando soube que ele havia formado família na África. Não por raiva ou ressentimento. Ela entendia que Gonzaga precisava de alguém e continuou sua vida ali, naquela pequena cidade, sempre a pensar nele.

   Anos depois Maria Dorotéia recebe um pacote de Antônio Gonzaga que, ainda fechado, ela pode perceber que é um livro. Ao abrir se depara com a obra "Marília de Dirceu" que havia sido publicada em Portugal com todos os poemas que Gonzaga havia escrito para ela.

   Dali em diante, após seus afazeres do dia Dorotéia estava sempre sentada em sua cadeira lendo e relendo aqueles poemas e, apesar da idade em que já se encontrava, os versos faziam com que ela se sentisse outra vez como a jovem que ela foi, como a Marília de Dirceu.


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