Resenha: Quem é Você, Alasca? de John Green

Editora: Intrínseca
Ano: 2010

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O Primeiro Amigo, a Primeira Garota, as Últimas Palavras.

   O título original do livro "Looking for Alaska" (Procurando por Alasca), na minha opinião, retrata muito mais o sentido da história do que a  pergunta "Quem é você, Alasca?", mas esses são os problemas que nós leitores enfrentamos com as traduções que,  muitas vezes, não exprimem o real significado dos textos originais e deixam a desejar.

   "Quem é Você, Alasca?" conta a história de Miles Halter, um menino infeliz, complexado, sem amigos, com uma típica família americana e com um hábito estranho de colecionar as últimas palavras de pessoas ilustres.

   Miles decide estudar no colégio interno que é uma tradição na família de seu pai, mas não pela educação oferecida e sim pela mudança de atmosfera, de convívio desgastado no ambiente familiar, por não ter nada que o prenda na sua casa, cidade e família, por não ter um amigo, nada que o motive a ficar.

   Influenciado pelas últimas palavras do poeta François Rabelais: "Saio em busca de um Grande Talvez", Miles é transferido para  a Escola Culver Creek, no Alabama.

   No primeiro dia, enquanto Miles descarrega as malas, conhece Chip Martin, mais conhecido como Coronel, aquele que será responsável por apresentar a escola e as regras aos demais estudantes de Creek.

   Os primeiros dias de Miles na escola nova são difíceis, ele sofre bullying e trotes, pois há uma rivalidade entre os alunos internos, denominados pensionistas normais e os semi-internos, denominados de "Guerreiros de Dia de Semana", que eram os adolescentes ricos da cidade.

   Coronel era bolsista, de família humilde e aprendeu a sobreviver no universo de Creek, mas não estava disposto a ser um passaporte de Miles para a vida social da escola.

    Miles acaba também recebendo um apelido: "Gordo". Apelido irônico dado por Chip por Miles ser magro ao extremo.

   Miles aprende que, por mais que sofra bullying ou tenha algum problema na escola, nunca poderá denunciar os agressores, pois ser "dedo duro" é a pior conduta que um aluno pode ter em Creek.

   É Coronel quem apresenta Alasca e Takumi à Miles.

   Alasca é uma jovem enigmática, questionadora, rebelde e sedutora, mas com um namorado.
   Miles cria sentimentos por Alasca. Um misto de muitos sentimentos. Os dois tem muita afinidade e o mesmo amor pelos livros.
   Alasca se espanta com o estranho hábito de Gordo de colecionar últimas palavras e lhe mostra o livro de Gabriel García Márquez, sobre Simon Bolívar,  "O General e seu Labirinto", e pergunta quais foram as suas últimas palavras.

   Miles não conhecia Simon Bolívar, muito menos suas palavras e então Alasca, desafiadora, diz que as últimas palavras foram: "Como sairei deste labirinto?".

   Miles se interessa e procura saber o que era exatamente um labirinto e ficou meditando sobre estas novas "últimas palavras".
"Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente."
   Nesta nova escola Miles vive todas as descobertas e experiências de um adolescente. Cigarros, álcool, sexo, o início da independência física dos pais, os estudos e o interesse pelas aulas de religião de um professor rabugento.

   Não vou contar mais detalhes sobre o livro, muito menos dar spoiler de um livro tão incrível, embora ainda tenha bastante coisa para ser dita, mas vou mesmo parando por aqui deixando as últimas palavras de Miles no livro: "Eu não sei onde fica o outro lado, mas acredito que seja em algum lugar e espero que seja bonito".

    Espero que quem ainda não tenha lido "Quem é Você, Alasca?" leia.

   Eu confesso que no começo dele enrolei um pouco na leitura, talvez porque ainda estivesse com ressaca literária de "A Culpa é Das Estrelas", mas é um livro muito bom. Eu ouvi muitas críticas negativas sobre ele, mas o livro não é ruim, só precisa ser interpretado da maneira certa.

   A propósito, o livro é quase uma autobiografia do John Green, porém se você deseja ler este livro, não vá com muitas expectativas, com muita sede ao pote.

   Esperar demais de um livro pode torná-lo ruim e desagradável, então se esforce ao máximo para não ter expectativas e aí sim você poderá gostar do livro e entender a mensagem que o John Green quis passar.

   Boa leitura!
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