Feliz dia das mulheres, com Clarice Lispector

Feliz dia das mulheres!

Hoje, sim, é dia das mulheres e eu me peguei pensando o que eu postaria aqui no blog sobre esse assunto e até mesmo como uma homenagem para nós e, então pensei em falar sobre uma mulher importante, um ícone, uma mulher que represente várias mulheres. Quem é essa? Clarice Lispector.

Clarice Lispector


Clarice Lispector foi uma escritora e jornalista que nasceu na Ucrânia e foi naturalizada brasileira. Como brasileira Clarice se considerava pernambucana.
Clarice nasceu em Chechelnyk em 10 de dezembro de 1920 e faleceu no Rio de Janeiro em 9 de dezembro de 1977, aos 56 anos, depois de ter sido hospitalizada com câncer inoperável no ovário.

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Quando tinha 19 anos Clarice escreveu seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem. O livro apresenta a protagonista Joana, a qual narra sua história em dois planos: a infância e o início da vida adulta. 
Na época da publicação, em 1943, muitos associaram o seu estilo literário introspectivo a Virginia Woolf ou James Joyce, embora ela afirme não ter lido nenhum destes autores antes de ter escrito seu romance inaugural.

Em 1946, em uma viagem ao Rio de Janeiro, lança seu segundo livro O Lustre.
Em 1949, lança o livro "A Cidade Sitiada", o seu terceiro romance.
Em 1961, "A Maçã no Escuro".
Em 1964 Clarice lança dois livros: "A Legião Estrangeira", uma coletânea de contos, e o romance "A Paixão segundo G.H.". 
Em 1969 "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres".
Em 1970, começa a escrever um novo livro com o título de "Atrás do Pensamento: Monólogo com a Vida". Mais tarde é renomeado de "Objeto Gritante". Finalmente é lançado em 1973 com o título definitivo de "Água Viva". O livro foi sucesso de crítica e público, ao ponto de o cantor Cazuza o ter lido 111 vezes.
Durante a década de 1970, após ser demitida do Jornal do Brasil (todos os judeus que trabalhavam na publicação foram demitidos neste período), a autora começa a traduzir obras do francês e do inglês para a Editora Artenova. Entre as obras estão contos de Edgar Allan Poe, O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, dois romances de Agatha Christie e Entrevista com o Vampiro de Anne Rice.
Em 1974, publicou mais dois livros de contos, novamente pela Artenova: "A Via Crucis do Corpo" e "Onde Estivestes de Noite". A primeira edição deste último foi retirada de circulação porque foi colocado um ponto de interrogação no título, erroneamente. Já "A Via Crucis" levantou polêmica com seu alto caráter sexual, e por não ter sido considerado à altura dos outros trabalho de Clarice, a revista Veja e o Jornal do Brasil chegaram a chamar a obra de "lixo". Porém, a própria autora não se importava com a crítica. 
Em artigo publicado no jornal The New York Times, no dia 11 de março de 2005, a escritora foi descrita como o equivalente de Kafka na literatura latino-americana. A afirmação foi feita por Gregory Rabassa, tradutor para o inglês de Jorge Amado, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e de Clarice.
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E em homagem a nós mulheres tenho um poema, não da Clarice Lispector, mas sobre mulheres que lêem. Feliz dia das mulheres!

"Namora uma mulher que lê. Namora uma mulher que gaste o dinheiro dela mais em livros do que em roupas. Ok, ela se perde um pouco na arrumação da casa, mas é porque tem livros demais. Namora uma moça que tenha uma lista de livros pra ler, que tenha uma carteirinha da biblioteca desde a primeira infância. Encontra uma mulher que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro dentro da bolsa. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um gritinho surdo ao encontrar o livro procurado. Vês aquela moça com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros de segunda mão? É a leitora. Para ela, o cheiro das páginas, sobretudo quando ficam amarelas, é perfume! Ela é a garota que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a xícara, percebes que o calor já se foi, perdidos, os dois, ela e o café, em um mundo feito pelo autor. Senta. Admira-a de relance, porque a maior parte das mulheres que lêem não gostam de ser interrompidas. Oferece-lhe outra xícara de café. Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Pergunta-lhe se gosta de Clarice. Ou se gostaria de ser Alice. É fácil namorar uma moça que lê. No seu aniversário, no Natal e em datas especiais, dê-lhe livros. Ofereça-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Ofereça-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Que sabes a diferença entre os livros e a realidade. Minta. Uma vez, duas, deslavadamente. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo. Trate de desiludi-la. Porque uma mulher que lê compreende que o fracasso conduz sempre ao clímax. E que todas as coisas chegam ao fim. Que sempre há a possibilidade de se escrever uma sequência. Que pode-se começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois. Temes que ela descubra tudo o que não és? As mulheres que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. E quando a vires acordada às duas da manhã, chorando, com um livro contra o peito, envolva-a com um abraço. Prepara-lhe um chá. Podes perdê-la por uma ou duas horas, mas ela volta para ti. Quando menos perceberes, já está: alugas um balão de ar quente e te declaras. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente, pelo skype. Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar aos seus filhos o Gato de Botas e Aslam - talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das botas. Namora uma mulher que lê, porque tu mereces. Mereces uma mulher que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. A não ser que prefiras a monotonia, horas requentadas, propostas meia-boca… Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma mulher que lê. Ou, melhor ainda, namora uma mulher que escreve."


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