Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?
Para quem acompanha o blog já deve ter lido milhares de comentários da minha parte sobre a adaptação cinematográfica do livro "Caixa de Pássaros" do autor Josh Malerman. O filme foi disponibilizado ontem, dia 21/12, pela Netflix. Hoje eu corri para assistir e claro que não podia deixar de vir aqui comentar com vocês.
Para quem não conhece o livro, vamos a um breve resumo. Em
"Caixa de Pássaros" é narrada a história de
Malorie, uma mulher que se encontra em uma realidade quase pós apocalítica, onde criaturas desconhecidas começam a surgir em todo o mundo e todos que os veem, logo em seguida têm comportamentos suicida. É neste cenário que
Maloria precisa não apenas sobreviver mas também criar seus filhos e deixá-los preparados para qualquer coisa.
(Clique aqui para ler a resenha)
Uma das coisas que mais gostei no filme foi o fato dele começar exatamente como o livro começa. Nas primeiras páginas do livro eu fiquei completamente perdida, me perguntando constantemente o que estava acontecendo e o filme foi capaz de passar perfeitamente essa sensação. Aliás, "Caixa de Pássaros" é um livro extremamente descritivo e sensorial e o filme foi capaz de transmitir as mesmas sensações que eram esperadas.
Claro que o fato do livro ser extremamente sensorial também tem um lado negativo: dificilmente o filme seria muito fiel, pois certas coisas são impossíveis de se adaptar. Essa narrativa descritiva do livro também acarretou em um filme com personagens um tanto quanto rasos. Quem leu o livro sabe o quanto os personagens são bem trabalhados e o quanto o desenvolvimento deles é quase palpável no decorrer da história. No filme tudo acontece de forma muita líquida, rápida... Certas coisas passam batido.
E se é para falar de personagens que não foram tão bem aproveitados no filme, precisamos citar o Gary. Estudos feitos por mim mesma apontam que um total de 100% dos leitores quiseram matar o Gary, no mínimo, mil vezes enquanto liam o livro. Já no filme, o Gary até cumpre seu papel, porém não chega nem perto de nos deixar com sangue nos olhos. Eu não quis socar a televisão quando ele apareceu e vocês?!
Mas, verdade seja dita, a Sandra Bullock carregou o filme nas costas e nos presenteou com uma Malorie impecável. Ela soube levar a personagem da melhor forma possível. Eu não esperava menos do que isso vindo dela. E por falar em atores dando um show, as crianças que interpretaram o Garoto e a Garota também foram ótimos, principalmente a menininha. A pena foi que, infelizmente, as crianças pareceram bem mais frágeis no filme, enquanto no livro estão prontas para o que der e vier.
No geral, eu gostei bastante do filme. Ele passou a essência principal da história e nos deixa um pouco tensos também. Ainda assim, recomendo (e muito) que vocês leiam o livro antes de assistir ao filme, isso ajuda a dar um contexto maior a história e a entender algumas coisinhas que passam batidas.
---- COMENTÁRIOS COM SPOILERS ----
Por mais que já fosse esperado que o filme não fosse a adaptação mais fiel do mundo, duas mudanças me incomodaram extremamente. A primeira foi a forma como a irmã da Malorie morre. No livro essa é uma das partes mais pesadas. É impossível não se arrepiar quando a Malorie encontra a irmã morta no banheiro. Já no filme, foi tudo bem rápido e não tão magnífico.
Aliás, esta é a palavra que define perfeitamente o filme a meu ver: rápido. Apesar do filme durar quase duas horas, tudo acontece de forma muito rápida. Óbvio que é impossível encaixar tudo que tem em um livro em apenas um filme, literatura e cinema funcionam de forma completamente diferente mas, heis que surgem uns bons minutos no filme de acontecimentos desnecessários que nem se quer existiam no livro.
Uma das coisas pela qual mais me apaixonei em "Caixa de Pássaros" foi pela personagem Malorie. Uma mulher extremamente forte, que se adaptou da melhor forma possível a sua nova realidade e salvou a si mesma e a seus filhos. Tudo isso cai por água abaixo no filme quando, após dar a luz, Malorie é salva pelo Tom e eles passam os próximos cinco anos juntos. Nunca torci tanto pela morte de um personagem querido.
Nesse momento eu tive aquela sensação de quando os diretores pegam um livro muito bom e transformam em um filme de Sessão da Tarde que obrigatoriamente precisa ter um romance. Em "Caixa de Pássaros" foi mais incômodo ainda pois, após o parto, a Melorie está mais sozinha que nunca e é a personagem mais incrível do mundo quando tudo parece ter acabado. O filme passa a ideia de que se não fosse por Tom ela teria morrido. (eterna princesa sendo salva pelo príncipe)
E por falar em parto... A cena mais esperada por muitos por ser simplesmente a mais tensa de todo o livro, ficou fichinha no filme. Nada... Eu digo nada... Irá substituir a Olympia mordendo e se enforcando com o próprio cordão umbilical, por favor. Eu entendo que tiveram a intenção de fazer um filme um pouco mais leve, mas a cena do parto poderia ter sido um pouquinho mais fiel.
Outros detalhes que senti bastante falta foram: a cena do poço, quando eles vão buscar água (cena sinônimo de tensão), os huskies siberianos, os pássaros caindo mortos e, sem sombra de dúvida, do ataque dos lobos. Pra resumão, e se nada me passou batido, as partes mais pesadas ficaram de fora.
O final do filme foi a parte em que ficou mais claro a intenção que tiveram de deixar a história mais leve. Enquanto o livro termina com um clima ainda um pouco pessimista e com a Melorie com um pé e meia atrás de tanta desconfiança, no filme tudo é muito bonito e positivo, como a chegada a um paraíso. Na verdade foi um clichê - e foram felizes para sempre - mas que atire a primeira pedra quem não chorou.
